sábado, 13 de outubro de 2012

O dia



    Uma rua.
    Um poste.
    Grãos de areia.
    Carros estacionados, transeuntes seguindo seus caminhos. A gravata às 7 da manhã indica para onde ele está indo. A sacola de pão nas mãos enrugadas faz-nos saber que ele tem para onde voltar. Pessoas cuidando de si. Muitos rostos, nenhum bom dia.
    Sinaleira. Impaciência.
    A sinfonia das buzinas, motores, gritos. Dois carros parados. Uma batida? Não, a falta de encontro. Eram mãe e filha. Cada uma no seu carro. Tentavam dizer uma a outra o que iriam fazer naquele dia. A distância que separava as duas fê-las gritar. Mas de tão próximas, não pareciam que tinham batido? Enfim...
    Uma árvore.
    Uma rua sem carros.
    O canto dos pássaros.
    O desabrochar das flores.
    Um vendaval.
    Levou tudo.
    Alguém de pés descalços e olhar duvidoso.
    Deixou apenas medo.
    Não que este também tenha durado muito. Não que este tenha sido acompanhado de susto. Como veio, se foi. Assim como o som dos pássaros, logo emudecido pelas buzinas.
    No meio dos arranha-céus de concreto, quem se lembra do canto dos pássaros? No meio do corre-corre de nossas vidas, quem se lembra dos que correm pela vida? 


08 de janeiro de 2008

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