Um poste.
Grãos de areia.
Carros estacionados, transeuntes seguindo seus caminhos. A gravata às 7 da manhã indica para onde ele está indo. A sacola de pão nas mãos enrugadas faz-nos saber que ele tem para onde voltar. Pessoas cuidando de si. Muitos rostos, nenhum bom dia.
Sinaleira. Impaciência.
A sinfonia das buzinas, motores, gritos. Dois carros parados. Uma batida? Não, a falta de encontro. Eram mãe e filha. Cada uma no seu carro. Tentavam dizer uma a outra o que iriam fazer naquele dia. A distância que separava as duas fê-las gritar. Mas de tão próximas, não pareciam que tinham batido? Enfim...
Uma árvore.
Uma rua sem carros.
O canto dos pássaros.
O desabrochar das flores.
Um vendaval.
Levou tudo.
Alguém de pés descalços e olhar duvidoso.
Deixou apenas medo.
Não que este também tenha durado muito. Não que este tenha sido acompanhado de susto. Como veio, se foi. Assim como o som dos pássaros, logo emudecido pelas buzinas.
No meio dos arranha-céus de concreto, quem se lembra do canto dos pássaros? No meio do corre-corre de nossas vidas, quem se lembra dos que correm pela vida?
08 de janeiro de 2008
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