sábado, 13 de outubro de 2012

"No mundo moderno, me parece que o maior equívoco em que acreditamos, nossa maior fonte de sofrimento, é a ilusão do "eu". Somos levados a acreditar que há um "eu" indefinível que devemos entender e respeitar. Passamos a vida acreditando que o nosso objetivo é descobrir esse "eu" - quando, na verdade, a real jornada me parece ser a de nos inventar. É a crença nesse "eu" que nos mantem isolados e amedrontados, e nos faz incorporar rótulos que, no fundo, nunca parecem servir. (...) E é essa noção de "eu" que faz com que Este Aqui não se permita amar Aquele Ali, e que faz com que M não seja feliz com L. Não nascemos nós mesmos. Nós nos tornamos nós mesmos. Para mim essa é a perfeição do teatro como forma de expressão: aqui há muitos eus, tanto no palco quanto na plateia. No teatro podemos entender o quanto somos fluidos como pessoas, e entender que o tempo - outra mentira em que acreditamos - é fluido. O agora, o depois e o futuro são na verdade a mesma coisa. Somos muitos e o que somos é o que fomos e o que seremos. (...) cada um de nós, no mundo todo, em todas as línguas, faz as mesmas perguntas, procura a mesma verdade, busca a mesma beleza."

Daniel MacIvor, dramaturgo canadense

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